a poesia é minha familia.
aquela senhorinha que senta do lado,
na praça.
ficamos ali sentadas juntas,
vendo as pessoas passarem.
nela cabe o que a voz
do que não me alcança dizer
muito tenho ouvido maria bethania.
há dias.
percebo nela essa necessidade de esgotar as canções,
no limítrofe; saturação da palavra.
não basta cantar?
é preciso declamar.
ela aperta a palavra até à última umidade.
daquilo tudo
que essa gente inútil produz:
poesia é (mais um clichê afirmar
o que manoelzito de barros aludia)
lugar de
apanhar de desperdícios.
as pessoas buscando seus automóveis nas ruas
os poetas caçam a parte descartada
a parte do mundo que não se paga no cartão.
em 3 vezes sem juros.
inutensilio do leminski
acho que é aparte que interessa
a única indispensável
do contrário,
viver
como
de que maneira
faríamos

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