as coisas andam vulneráveis, lun.
ora me perco naquelas sinuosas e recorrentes vielas. ora ressinto-me da ausência elegante de mim. mesma.
o sol muito se coloca por aqui e nada tenho a reclamar dos frios dispensavelmente sofriveis da neblínica porto alegre.
reconheço contudo, que ainda reincide a cinzura da mente dispersiva que pouco aprendeu sobre bem amar-se.
julguei outrora ser aquela para quem buscariam nobres conselhos de amor maduro.
mas a madurez poupou-se de chegar até aqui. cismam dores. elas ainda resistem.
sonho com águas todas as noites e percebo que facilmente desmancham-se meus parcos e esforçosos apelos de concretude. me refiro a tudo,
carreiras, propostas, residências, louças, panelas, discos, livros, estruturas, eu. todo o repertório da auto ajuda mundial ensina os seres a deixarem ir.
lun você sempre me acudia a ver que precisava doar meus pés às raízes e sorver da terra o nutriente da estabilidade.
está duro, mas ando aprendendo.
tanto mudei, morri tantas vidas. mas hábitos mais primários seguem incólumes, e é fácil ver esses obstinados probleminhas recaindo sobre os próprios abismos. são muito lisonjeiros com as fundamentações da vida e do mundo. e me reintroduzem fermento ao que justamente critica-se.
a saudade faz meu corpo todos os dias.
dos ipês rosa da ipiranga, o céu alaranjando sobre a redenção, as glaciais manhãs de junho e o ferver da água do mate ao amanhecer.
meu corpo se parte e eu parto, essa coisa incrivel da palavra que
também fala de nascer. partir é parir.
parto para viver.

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