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O nome disso é mundo, ele diz. Arnaldo é tão desesperado que até acalma. Faz a gente fazer a curva. Achar conforto no desconfortável; tempo de tão imaterial chega a nos matar (já parou pra pensar que o tempo é o que nos mata?). Não abdico da escrita dita pela mão que curva. o desenho da palavra, o tato no papel. os sentidos que se formam concentrados aqui - sem tela cheia de cores. a cinzura de fundo, o destaque índigo. desenhar o escrever com a velocidade ritmica assim, dançando curvilinea. dar à musculatura da mão o labor imagético de criar verbos. no toque. (Ouvindo Arnaldo dizer: "não vou me adaptar"). E no entanto, tudo corre. Listar daqui as extraordinariedades do cotidiano que enfia o marasmo pela goela. Resistir é criar mundos no interior do banal. Resistir é a permanência dos rompantes da vida no solo movediço da banalidade. A vida é antiga pra quem chegou a pouco. Todos nós, no caso, somos bastante recentes.

Tem sido hospitaleira, apesar - a vida. Apesar da desconversação. O mundo tá desconversado. Faço um empréstimo da voz dos outros, alta, grave, aguda, chamo pro papo. Senta aqui, tu. Vamos falar disso todo cujo nome é mundo? Vamos trapacear com o tempo para que ele não nos triture rápido e regulamente, ou faça-nos redigir relatórios. Quero sempre conversar. Tanto é meu amor pela vida. Vamos tomar um chá quentinho e sacralizar o ordinário, desacostumar o mirar comum. Achar novos mesmos, pessoas menos prováveis. Volver a alma nos mundos. Porque tudo tem alma. Mesmo que faltem os mundos.

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