Grande como um olho dilatado que irrompe sobre os corpos dos outros. Se tenho alma, ela é gorda. Precisa de assento de obesos para caber. Não passa nas roletas - tranca no meio, e desespera por ser amassada por troços agressivos sobretudo em face da testemunha das almas menores que sorriem, talvez, por incompreensão.
Não quero presumir exageros, mas quando eu ando apressada e começo a suar, sinto que o suor nada mais é que uma massa gordurenta que se aproveita de ser suor como desculpa.
É a alma tentando esvaziar um pouco.
Ser um pouco mais leve e longilínea, não ser tão propícia a rolar escada abaixo.
Adquirir melhor musculatura. Ser mais rígida e leve. Alma gorda assim mesmo um pouco entupida. Pode ser um problema genético, embora eu ache que seja coisa lá da infância. Excessos de faltas ou sobras: a gente não distribui e fica assim, com esse almão.
Pessoa, apesar dos elogios, devia sofrer com sua alma obesa. Fica difícil saber onde se pôr, onde caber, onde entrar.

Comentários

Postagens mais visitadas