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nà cúspide lunar, me enxergo longe das maquiagens dos senhores literatos que perambulam o olimpo acadêmico.
Cansei desse povo. Cansei desse povo inteligente.
Cansei desse mundo que se acha livresco sob a camisa de força do gosto medido pela Cosac Naify. Cansei da moda cult, da palavra cult, de óculos de gente cult, de palavras inventadas pelo Guimarães.
Prefiro inventar as minhas ou dar a Guimarães um pouco de mais movimento: prostituo Guimarães.
Dar mais que uso elegante: um uso baixo, um uso ordinário, um uso populacho.
Pôr as próprias vértebras intelectivas na cama da marginália.
Cansei desses corredores luminescentes, que cegam os olhos e tudo que há num corpo.
Porque até este, o corpo,
arrefece de sentir prazer em meio a tanto perfume.
Nada mais belo na vida que uma coisa feita à mão. Uma coisa pensada à mão.
Uma idéia (que perdeu o acento no último dicionário) dita à mão. Uma vida feita à mão, sacou?
Quem acha Deleuze um cara incrível ao mesmo tempo em que ojeriza a rua.
A rua no seu ser excelente: a rua, a avenida, o boeiro, os muros com musgos e abandonos.
Preferindo até ser jovem febril com a camisa do Che.
Cansei dos pós e vou voltar aos prés. Pré-social, pré-capital, pré-escola.
Essa bravata de ver o eterno da arte - sendo ela mesma tão peremptória e arruinante.
Quero meu tempo e sentir que sim: se eu não salvar o mundo, ele tá perdido. Só sentir. No fundo a gente sabe que não é assim. Morremos e o mundo segue independente da gente. Mas quero esse afã de irmandade que preza a vida lutada lindamente. O júbilo do planeta que está imaturo, mais odes ao Malinovski gente. E não esse monte de livros cheios de palavras moucas que só se dirigem aos saciados.
Queria acreditar de novo que há uma importância inalienável na gente. Nas nossas tentativas AINDA QUE canhestras e
atrapalhadas de solucionar o destino da vida.
Sem escusas assoberbantes.
Sem código de ética do pós-estruturalismo (que não tem código, pensa-se).
E que assim seja.

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